É comum ouvir falar de
histórias tristes de famílias que saíram da zona rural do Nordeste em busca de
melhor qualidade de vida no sudeste ou nos grandes centros da própria região.
Mas existem pessoas fazendo percursos inversos e construindo dignidade para si
e suas famílias a partir da produção de alimentos saudáveis que se baseiam na
produção agroecológica e no trabalho que leva em conta as especificidades
climáticas locais. Existe um caso desses no assentamento Santa Águeda, na zona
rural de Ceará Mirim/RN...
... A caminhoneta, o micro
trator e o filho de 15 anos se preparando para estudar no IFRN são os troféus
exibidos como resultado bem sucedido da escolha feita pelo casal Cícero e
Sandra, moradores do assentamento Santa Áqueda, em Ceará Mirim/RN, município
localizado no Território da Cidadania do Mato Grande.
O casal bem que tentou sair
da roça para cidade e até que conseguiu emprego na sede do município. “Eu fui
um faz-tudo num comércio. Era cabeceiro, balconista e arrumava os produtos na
prateleira. O dinheiro era pouco, mas pagava as contas. O que me faltava era
alegria de trabalhar naquilo que cresci fazendo e aprendi a gostar”, relata
Cícero.
A decisão de voltar para o
lote de 7 hectares, no assentamento Santa Águeda, foi difícil porque o tamanho
da terra disponível parecia insuficiente para sustentar o casal e o filho
adolescente. E de fato, os primeiros 7 canteiros de hortaliças não garantiram o
sustento pleno. No entanto, antes de voltar mais uma vez para a cidade, a
mudança chegou com a assistência técnica e um pouco de recurso para fomento da
produção agrícola.
Através de um convênio
firmado entre a ONG TECHNE e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a família
passou a planejar a produção, escalonar o plantio dos canteiros, incluir em novas
formas manejo da terra e recebeu um investimento inicial de R$ 2.400,00. “A
primeira coisa que eu fiz foi garantir meus compradores. Eu fui logo aproveitar
a entressafra e levei as minhas hortaliças para oferecer novamente aos
comerciantes que eu já havia oferecido mas não quiseram porque achavam que eu
não tinha condições de sustentar o fornecimento. Hoje eu tenho 30 clientes
certos entre restaurantes, bares e lanchonetes”, comemora Cícero.
A vida da família mudou e
atualmente, o casal chega a empregar até 4 pessoas para ajuda-los nos períodos
de colheitas maiores. “o meu sonho vai se completar quando o meu filho entrar
no IFRN. Ele está se dedicando para fazer o teste e agora a gente tem condições
de bancar os estudos dele”, prevê a esperançosa Sandra.
Outro benefício do trabalho é
toda produção conseguiu aumentar a área e elevar a renda fazendo a conversão
agroecológica. “A nossa equipe técnica estimula e ensina como fazer a rotação
de cultura, a compostagem orgânica e outras atividades que fortalecem a
produção sem custos significativos para a produção”, explicou Iracema
Evangelista, coordenadora da equipe técnica que dá assistência às famílias do
assentamento Santa Águeda.
11 famílias com
assistência técnica sistemática no RN
De acordo com o Delegado do
Ministério do Desenvolvimento Agrário do Rio Grande do Norte, o engenheiro
agrônomo Caramurú Paiva, através de convênios do MDA/Governo Federal com entidades
prestadoras de assistência técnica, governamentais e não governamentais,
atualmente estão sendo atendidas 11.000 famílias de todas as regiões do Estado.
“A demanda por assistência técnica de qualida e é um ponto comum em todas as
pautas dos movimentos sociais e sindical ligados ao campo”, comentou o agrônomo.
As vésperas da 2ª.
Conferência Nacional de Assistência Técnica, o representante do MDA falou que
existem muitos casos de sucesso da agricultura familiar por um novo modelo de
assistência técnica que promove a autonomia das famílias rurais e estimula a
conversão agroecológica.“Ainda tem muitos desafios para universalização da
assistência técnica de qualidade. São problemas relacionados ao financiamento e
gestão bem como as questões da metodologia e do acesso as políticas públicas.
Tudo isso se resume no tema da conferência que neste ano é ATER, agroecologia e
alimentos saudáveis”, analisa Zuleide Araújo, coordenadora da Rede PARDAL de assistência
técnica.
Fonte: Assessoria de
comunicação.
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