SOMOS
articuladores e articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua. Já há oito
anos ouvimos, dialogamos, aguardamos, lutamos, rebatemos, sentamos, exigimos
desse governo ações concretas e de fato efetivas pela arte pública e pela cultura
do nosso país. Agora, o diálogo é única oferta já que o orçamento
vergonhosamente vêm sumindo aos nossos olhos, ano a ano. Sentimos que o sim ao
diálogo deixou de ser possibilidade de transformação para tornar-se um estado
de legitimação de uma falsa democracia, de uma falsa participação, de um falso
programa de cultura que nunca houve.
Cansamos!
Não da luta, cansamos desse tipo de política da migalha. Não vemos sentido em
sentar e dialogar com um ministro ou secretário, se as conversas sempre esbarram
na falta de verba. Por quais ralos escoam nosso dinheiro? No pagamento dos
juros? No setor de marketing das empresas? Nos gastos com militarização? Nas
poucas famílias que controlam a mídia? Nos megaeventos? Nas empreiteiras e sua
especulação imobiliária? Nos bancos? Nesse discurso que se diz popular,
democrático e participativo, nunca antes na história desse país, as
instituições privadas lucraram tanto.
“Não mexe
comigo, que eu não ando só!” E por isso, fortalecemos a nossa luta, engrossando
esse caldo com os professores, com os movimentos de moradia, com os movimentos
pela saúde pública, com as pautas pela desmilitarização da polícia, com o
movimento indígena, com as mães de maio, com o movimento contra o genocídio nas
periferias, com as pautas de descriminalização da maconha, com os quilombolas,
com os povos da floresta, com o movimento LGBT, com as culturas populares, com
os movimentos feministas, com o movimento negro, com as periferias, com os
trabalhadores e trabalhadoras de todo país.
Não há
como produzir pensamentos, pautas, programas e leis mais elaboradas para a
cultura do que as já construídas nesses últimos anos. Sabemos o que queremos.
Já fizemos inúmeras cartas, documentos, reuniões. O que é necessário para o
fomento efetivo dos trabalhadores e trabalhadoras de cultura desse país, já
está documentado há muito tempo. Resta pôr em prática.
O
dinheiro e energia das caravanas, das conferências e das reuniões, pra nós,
torna-se agora um desperdício, um falso processo, uma falácia. Estamos
reunidos, estamos conversando, continuamos nos organizando, mas agora seremos
claros e diretos.
Edital
não é política pública. Exigimos:
- os
editais transformados em leis com dotação orçamentária própria, com comissões
eleitas pela sociedade civil.
- a
criação da LEI PRÊMIO TEATRO BRASILEIRO, nessas condições.
- a
criação da LEI PRÊMIO PARA AS ARTES PÚBLICAS, nessas condições.
- a
mínima fatia do orçamento de 2% em nível federal, 1,5% em nível estadual e 1%
em nível municipal (PEC 150)
- o fim
da renúncia fiscal, da Lei Rouanet e de seu simulacro, o Pro-cultura.
No
sentido de viabilizar essas pautas, estamos prontos. Unimo-nos a diferentes
frentes de luta porque entendemos que o projeto maior é de uma sociedade que
seja de fato pública e igualitária nas condições de sobrevivência de todos os
seres-humanos. Não faremos figuração em eventos do governo, nem demonstraremos
apoio a um governo que não cumpre suas promessas, tampouco aceitaremos nada
menos que o mínimo produzido por nossa categoria em oito anos de muita
militância e pensamento conjunto.
Sem mais.
E com os nossos, cada vez mais...
Rede
Brasileira de Teatro de Rua – Sorocaba/SP – 17 de Maio de 2015
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