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23 de abril de 2013

A Resistência e Insistência Cultural de Janduís


NOS PRÓXIMOS DIAS 26, 27 E 28 DE ABRIL OCORRERÁ O ESCAMBITO RAÍZES NA CIDADE DE JANDUIÍS-RN, BERÇO DO MOVIMENTO ESCAMBO POPULAR LIVRE DE RUA, LIDERADO PELA CIA CIRANDUÍS QUE COMPLETA DUAS DÉCADAS DE LUTA E RESISTÊNCIA CULTURAL.
Cortejo Cenopoetico O PÃO ASSASSINO FULANO DE TAL - FEV. 1989
O Movimento Escambo Popular Livre de Rua nasceu de um ato de solidariedade a Janduís que passava por dificuldades imensas em função da seca que solapava o sertão nordestino. De 01 a 05 de maio de 1991 acontecia o fenômeno cultural popular mais importante do nordeste brasileiro e o mais importante movimento cultural após os CPCs da UNE e o Movimento de Cultura Popular de Pernambuco-MCP. O Movimento Escambo resistiu às indústrias culturais e da seca, expandiu-se e ganhou notoriedade e respeito em todo o Brasil.
No ano de 2012 realizou sua I Travessia pelo Brasil por meio dos grupos Cervantes do Brasil, Arte&Riso, Ciranduís, Bando La Trupe e Pintou Melodia na Poesia. Este ano deverá cruzar o território brasileiro e chegar a Rosário e Buenos Aires, na Argentina, sob forma de travessia, pelos grupos Cervantes do Brasil, Pintou Melodia na Poesia, Bando La Trupe e Cafuringa.
O retorno a Janduís é sempre carregado de memória de luta, resistência, alegria e muita emoção. Estar com a gente corajosa e acolhedora de Janduís é renovar as esperanças de um Brasil culturalmente diverso e forte, solidário, democrático e revolucionário. Por incrível que pareça já se passaram 22 anos e a seca continua a perturbar o sono do nordestino, boa parte de Minas e Espírito Santo. Aqui lembramos a chamada que fiz para a Romaria Contra a Seca, na radiadora de Janduís, em 15 de dezembro de 1991: 
"QUEM INVENTOU A SECA?

Há quinhentos anos
o povo nordestino sofre as mazelas trazidas pela seca.
Passa fome, não tem saúde, a educação é ruim,
os sonhos são poucos, a vida é curta
e tudo sempre pareceu muito natural.

O que é natural?
O clima quente do alto sertão pode ser natural.
A evaporação dos açudes e dos rios pode ser natural.
A não perenidade dos rios pode ser natural.

O que não é natural?

A natureza perene dos latifúndios não é natural.
A natureza vitalícia da indústria da seca não é natural.
A natureza do camponês sem campo não é natural.
A natureza da fome do sertanejo não é natural.
A natureza da mansidão do sertanejo faminto não é natural.
A amoralidade da mortalidade infantil do sertão não é natural.
A natureza criminosa da corrupção e da riqueza ilícita dos poderosos
                                                                        nunca foi natural.
A natureza política e social dos que nada têm nunca foi, jamais será natural."
                                                                    
Por isso tudo, e renovando as esperanças, gritamos em mil vozes: viva o povo de Janduís e seus artistas de ontem, de hoje e de sempre! Viva Barbadinho! Viva Severino da Velha! Viva dona Alice! Viva seu João Rosa! Viva Raimundinho Gurgel, artista do complexo de teatros naturais de pedra da Boa Vista! Viva Valdécio Fernandes da Rocha, Bosco Gurgel, Braga, Jrhuan Melo. Viva Regina Lima e a equipe do Recriança. Viva toda a geração do Recriança que hoje cuida e anima a cidade. Viva o grupo do JUJS e sua história de rompimento com as velhas estruturas políticas de Janduís. Viva Fabinho Barbosa e toda aquela seleção campeã pela ACDJ no Nogueirão, em Mossoró-RN. Viva Paulo Chia, nosso eterno cuidador da alegria. Viva Zé Bezerra, Salomão, Irene Lopes, Beto Peixinho, entre outros guerreiros daquele final dos anos 80 e início da década de 90. Viva os Filhos do Sol, o Algaroba, o Nhanduí, o Emanduís, o Ginga Faceira e os Meninos Palhaços Poetas. Viva o Conselho Municipal de Cultura, um dos primeiros do Brasil. Viva o Conselho Comunitário. Viva o Clube das Mães sob a bênção de dona Luiza, dona Isabel, dona Helena, dona Loura, dona Ritinha e tantas outras mães queridas. Viva o Recriança! Viva a festa da Padroeira! Viva a Argolinha puxada por Geodete e Narciso. Viva o Sabugão. Viva o Ca-ci-di-dó. Viva as Meninas do Folclore. Viva os Núcleos Culturais de Perdição, Livramento,Verruma e Morada Nova. Viva o Caminho do Mato. Viva!  Viva o movimento da Juventude e o UNIPAJ. Viva a Banda Voo Livre, a Banda Caldo. Viva e parabéns ao CIRANDUÍS!!!!!!!!!!!! Viva a Floresta e seu Vaporzão, hoje Casa da Cultura. Viva Janduís inteiramente unida para superação do sistema capitalista que insiste em produzir suas mazelas fabricadas todos os dias em nome do progresso, de um desenvolvimento e de um bem-comum que só chega à casa e ao bolso de poucos!!!!! Viva o Movimento Escambo Popular Livre de Rua!!!

Ray Lima

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