Queridos,
Mais uma palavra: desculpem e não me perdoem porque não são deuses, mas às vezes fico pensando no uso que a gente faz dos instrumentos que a gente dispõe. Vejo coisas horríveis das torcidas organizadas marcarem duelos (que acabam acontecendo após os jogos) pela internet.
Mais uma palavra: desculpem e não me perdoem porque não são deuses, mas às vezes fico pensando no uso que a gente faz dos instrumentos que a gente dispõe. Vejo coisas horríveis das torcidas organizadas marcarem duelos (que acabam acontecendo após os jogos) pela internet.
Não sei se esse seria nosso modo de agir/pensar, tampouco de construir nossas estratégias de superação dos nossos problemas. Lembro de tecnologias muitos leves, humanas e eficientes construídas ao longo da história Janduís, como possibilidade outra em relação ao cangaço, ao confronto impensado e impulsivo da região.
Quero pensar das rodas de conversa do Conselho Comunitário na Ruas da Floresta, no largo de Bastim, nos terreiros de Perdição, Verruma, Morada Nova, Livramento, etc. Nesses lugares conversávamos, dialogávamos, discordávamos e íamos pra casa com a sensação de que tínhamos aprendido muito com nossa gente, Dona Severina, Zé Bezerra, Irene, Salomão, Lourinalda, João Simão, Braga, Raimundo do Sindicato, Raimundinho Gurgel (que falava pouco e dizia muito), Bosco, Valdécio, Beto Peixinho e tantos outros companheiros.
E a gente sabia que nossas conversas partiam sempre da lógica coletiva, solidária dos nossos mestres, lideranças verdadeiras, referências de cada comunidade. Agora escuto desse lugar de ninguém, falso, inseguro, virtual, portanto não real, a voz de muita gente, mas não consigo saber de onde falam. Sei que é de Janduís, talvez para aonde se direcionam, porém o sentido não consigo identificar. O que estamos querendo construir com isso. A quem interessa esse discurso raivoso à distância?
Là no Senado vemos pessoas convivendo diariamente em um clima de autodestruição. Pessoas como Zé Agripino Maia, que nos perseguiu naquele período difícil de Janduís, assumindo um protagonismo de redentor da cidadania e da moral nacional junto com outros canalhas da política brasileira que apoiaram a ditadura militar que massacrou meio mundo de brasileiros, inclusive nós, na pós-ditadura, tentando sobreviver e fazer história em um mar de sacrifícios e impossibilidades.
É essa a nossa lógica? Na época dizíamos, quem são nossos verdadeiros inimigos? Precisamos saber. Se há divergências políticas elas têm que ser dirimidas, apuradas e resolvidas pelo diálogo. A intolerância é intolerável em qualquer situação. Ninguém pode estar sob o controle de ninguém.
Basta os sistemas já estabelecidos: NASA, CIA, PF, SIN, entre tantos outros. Nossos já somos controlados demais. O prefeito Salomão tem que ser chamado a conversar. O vice-prefeito Zé Bezerra tem que ser chamado a conversar. Os vereadores Braga e Raimundo têm que buscar o diálogo e exigir do governo de seu partido esse espaço. Passamos à vida pregando isso. Exigindo isso dos outros. Cobramos isso da própria cultura tradicional do cangaço e da violência de Janduís.
Por que esse fechamento estúpido e anti-humano? Não podemos admitir. E é aí, que em nossa visão limitada de movimento cultural, que entra o papel da cultura, da arte, dos movimentos sociais, da organização civil para dizer que o poder é apropriação e por isso mesmo não deve, não pode estar sob o controle ou domínio absoluto de um grupo, de um indivíduo, do estado, de uma empresa, seja lá do que for. Outra coisa: cuidado! Muito cuidado com os espinhos que nos impedem ou tornam difíceis nossas relações. Aliás, gripe e espinhos não é só coisa de porcos, é também e principalmente de gente.
Como dizemos em nosso livro Lâminas:
“\Nosso universo/nossas cabeças
Nosso teto /nosso olhar
Nosso piso/nossos espinhos
Nossos costumes/nossos coturnos
Nossas relações.”
Um cheiro, vida que segue. Ray Lima
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