Não poderíamos iniciar essa homenagem ao Júnio Santos e ao Amir Haddad por outro caminho senão pelo título que nos remete ao universal personagem popular, Malasarte, andarilho perspicaz e meio que síntese da inteligência e capacidade criativa das gentes rueiras desse mundo.
Outros nomes como Pedro Quengo, Cancão de Fogo e João Grilo são variações desse gênio popular aqui no Brasil. Malasartes que são, Júnio como Amir, poderiam ter encarnado quaisquer papéis na vida real (pastor, médico, sociólogo, pedagogo, cientista, jornalista, juiz, advogado, apresentador de tv, marinheiro, empresário, político, padre, etc.) melhor do que muitos por aí que se esforçam, mas não conseguem ou o fazem pessimamente por não saber mentir o suficiente para serem tão verdadeiros.
No entanto, resolveram ocupar um espaço onde cabem todas as profissões, infinitas possibilidades do humano e brincar com isso muito seriamente. Decidiram-se pelo teatro assim como optaram pela “alma encantadora das ruas”, como diria João do Rio. A opção pelo teatro e daí para o teatro de rua revela uma característica comum aos dois. Uma postura assumidamente política e porque não também ideológica.
Traçando caminhos diferentes, Júnio Santos e Amir Haddad, buscaram um lugar de chegada muito próprio, porém comum: um teatro que é político porque é vital - para quem usufrui como espectador ou brincante. Um teatro que é vital porque manifestação da alegria de ser, celebração da responsabilidade e do encanto de se estar vivo. Amir Haddad e Júnio Santos, cumprindo com seus destinos, continuam a luta por um outro mundo possível e necessário.
Fragmento extraído de Pedro Malasarte sou – quando o homem se confunde com o teatro.
Uma homenagem ao Júnio Santos e Amir Haddad.
Por Ray Lima – 8 de outubro de 2010.
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