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7 de fevereiro de 2010

QUE AMANHECER!?

(uma outra civilização é possível ?)
ao Júnio Santos

Não há soldado que dê vida
a tantos corpos entre escombros
espatifados pela história

Não há mais glória: salve! salve!
senão seres esprimidos
oprimidos pela fome do dinheiro

Não há herói nesse estaleiro
não há ciência nem sapiência
senão mau uso da riqueza e do poder

Não há o que esconder
da foice bomba do abalo sísmico
do capital

E no dia seguinte feito um psicopata
lá está ele chorando a morte da vítima
a secar os olhos com a ponta da gravata

Talvez pensando na próxima... mas
deixando escapar ao mundo sua gula infame:

Quero beber o caldo putrefato da massa cerebral
do povo haitiano - não há mais sangue para sugar

Quero devorar para sempre o sonho desse povo
que quis um dia ser feliz e livre

Quero amanhecer no Haiti
devastado por esse desejo capital!

Quero rodopiar feito vodum
da pena capital que lhe imputei
ao espírito em decomposição

Quero dar um grito-risada: MENTIRA! estampada na expressão
e lá de cima do avião repleto de gentis soldados da ONU
a acenar com o alimento perecível da globalização

Quero disparar um peido-bomba
no salão nobre e cavernoso das narinas da civilização ocidental
a não escaparem
nem direita
nem esquerda
nem centro
tremor de baixo
abalo de cima
carrapeta capeta
ta tudo dentro

ó, civilização ocidental
civilização da mais valia
quero vê-la passar bem
quero vê-la passar mal
tragada pelo próprio veneno
em toda parte
no corpo da ciência
no corpo da fé
no coração da economia
no cerne das linguagens
na arte inté.

Por Ray Lima

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